sexta-feira, janeiro 02, 2009

A Câmara paulistana continua poluída. Reflexo do cidadão?

por Sylvio Micelli

Ano Novo, vida velha. Esta é a rotina da Câmara Municipal de São Paulo que, desnecessário seria escrever, é a maior do país com suas 55 cadeiras. Particindo-se do princípio óbvio que os eleitos passaram pelo crivo popular, nosso cidadão não tem bem exercido seu sagrado direito ao voto.

Os novos vereadores, para a legislatura 2009/2012, foram empossados no primeiro dia de 2009. Novos, maneira de escrever, porque na última eleição ocorrida em outubro passado, pouco menos de 30% das cadeiras foram renovadas e mesmo dentro desta pseudo-renovação há nomes já conhecidos de outras legislaturas e/ou mandatos políticos.

O que realmente incomoda a mim são determinados nomes no comando do parlamento paulistano. Vejamos:

1. Antonio Carlos Rodrigues (PR) foi reeleito presidente da Casa pela terceira vez consecutiva. Ele responde a processo por mau uso de verbas públicas durante sua gestão à frente da Empresa Municipal de Transportes Urbanos (EMTU), dezessete anos atrás. Foi condenado em 1ª e 2ª instâncias por ter contratado irregularmente uma empresa. Apenas tomou posse porque recorreu da decisão. Questionado por jornalistas, durante sua posse, foi até agressivo usando da velha resposta de que "a sentença não transitou em julgado e assim ninguém é condenado". Pior. Foi eleito presidente com 52 votos. Houve uma ausência do vereador, meio rebelde, Gilberto Natalini (PSDB) e os dois vereadores do PPS, Claudio Fonseca e Milton Ferreira, abstiveram-se. Isso significa dizer que Rodrigues foi eleito com o apoio de vereadores do PR, DEM, PSDB, PMDB, PT, PC do B, PSB, PRB, PDT, PV, PP, PSC e PTB. Ou seja, um grande acordão em nome da tal governabilidade;

2. Dalton Silvano (PSDB) é o 1º Vice. Tucano reconhecidamente boquirroto, no estilo bateu-levou. Já chegou, inclusive, a trocar mais que empurrões com o vereador João Antônio (PT), também reeleito. Em abril de 2005, durante um processo de votação, a tempertura subiu e a baixaria tomou conta do plenário.

3. Wadih Mutran (PP) é o Corregedor. Para mim, a maior aberração já perpetrada e, pior, repetida. Mutran é grande companheiro e fiel escudeiro de Paulo Maluf. Já foi da tropa de choque do então prefeito Celso Pitta, quando a situação ficou feia, mais de oito anos atrás. Já foi acusado de compra de votos mediante doação de cadeira de rodas, mas foi absolvido pela Justiça. E com esse breve currículo ele foi reeleito para a função de punir vereadores por falta de decoro, entre outras coisas. Mutran, por sinal, já afirmou que a Corregedoria nem deveria existir. Criada em 2003 não puniu ninguém.

Juntos, Rodrigues, Silvano e Mutran tiveram mais de 100 mil votos, o que não é pouco.

Eis, enfim, um resumo de como inicia o ano de 2009 para os munícipes da maior cidade do país. E reitero a pergunta: a culpa é deles que, de conchavo em conchavo, vão se perpetuando no cargo, ou de nós eleitores que optamos pelo mais do mesmo? As notícias estão aí, os questionamentos estão aí. Sempre ressaltei que, para mim, o Legislativo é muito mais importante que o Executivo.

Enquanto o cidadão eleitor de São Paulo optar por parlamentares assim, além de cantores, apresentadores de TV e afins, só restam reclamação e piedade.

Pobre, Sampa!

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