Hoje é um dia especial. Vlado Herzog, tão lembrado nessa semana, esteve de plantão e se reestabeleceu a ordem das coisas. Diploma, realmente, não é fundamental. Não prova capacidade, não ensina o cara a escrever. Na verdade seu real valor, não está num pedaço de papel. Temos excelentes profissionais da turma pré-1969 que não me deixa mentir.
Então, por que essa discussão que dura há 4 anos? Ora. Por um motivo simples. Porque a categoria de jornalistas tem de encarar a obrigatoriedade do diploma como uma forma de recuperar sua capacidade de mobilização perdida e sua auto-estima.
Não podemos mais deixar programas desta ou daquela emissora, ou texto deste ou daquele jornal, com os repórteres por um dia ou os especialistas múltiplos que querem aparecer nos jornais, aqui ou alhures.
O jornalismo, em termos de representação, estava num imobilismo tamanho. Um grande paquiderme que se jactava de um quarto poder que não existe mais. Mais do que o trabalho - e que aqui não resida nenhum ranço corporativo - da Federação e dos Sindicatos pelo país, o jornalista levantou a bundinha da cadeira. Porque quem quer ir à luta, não fica esperando o sindicalista chamar. Está lá na hora certa, como a buscar um furo de reportagem.
Claro que não nos mobilizamos na proporção que deveríamos. Mas já é alguma coisa. Lembramos do orgulho de ser jornalista.
Mas o mais importante vem agora. Até porque a discussão sobre o diploma ainda dará alguma repercussão no Supremo.
Caberá a nós, e somente a nós, resgatarmos o bom jornalismo, a qualidade na produção de matérias, o ouvir os dois lados da questão. Sabe aquela primeira aula do bom jornalismo que muitos teimam em esquecer?
Tudo o mais, pouco importa. Haverá manifestações contrárias, claro, como a democracia permite e, afinal, Vlado não morreu em vão.
Texto originalmente escrito em 26/10/2005
2 comentários:
Parece pífio o argumento para justificar a defesa do diploma para o exercício da profissão de jornalista como é feito no texto abaixo sob o título "Muito Além do Diploma".
Veja-se quão desarrazoado é o argumento a favor do diploma para justificar a mobilização dos jornalistas como categoria profissional: "Então, por que essa discussão que dura há 4 anos? Ora. Por um motivo simples. Porque a categoria de jornalistas tem de encarar a obrigatoriedade do diploma como uma forma de recuperar sua capacidade de mobilização perdida e sua auto-estima".
Não é nada ideológico, nada fundamentado na racionalidade em prol da categoria. É tão somente um motivo para recuperar a capacidade de mobilização e a auto-estima da categoria dos jornalistas! Imagina-se o que aconteceria neste país se os grupos políticos, as categorias profissionais, os grupos religiosos, as torcidas organizadas de clubess de futebol procurassem como motivo para mobilização e recuperação da perdida auto-estima motivos sem fundamentos, sem esteio ético-moral ou lógico. Seria o caos !
Seria o fim do exercício da cidadania como motivo para o alcance de pleitos da sociedade como um todo e não de grupelhos ou de categoria profissional. Seria engessar o Brasil com corporativismo !
Enfim, a defesa do diploma para o exercício da profissão de jornalista tem que ter justificativas mais plausíveis que a simples motivação para mobilização e recuperação da auto-estima desta categoria profissional . O que está em jogo não é a auto-estima do jornalista mas a liberdade de expressão que se quer bloquear com a exigência do diploma para alguém exercer uma profissão a cujo acesso livre e universal é exigência dos primados básicos da democracia.
Didymo Borges
Prezado Didymo Borges
Agradeço sua manifestação que a democracia permite. Apenas lendo bobagens temos parâmetros para definir o que é certo ou o que é errado. E eu respeito isso.
Mas acho frouxa e débil sua tentativa em defender como "primado básico da democracia" a confusão que se faz entre o livre pensar com o exercício da função de jornalista que é totalmente diferente.
Como "não é nada ideológico" nem "fundamentada" a defesa do diploma pelo simples motivo de mobilização?
A suspensão do diploma para o exercício do jornalismo é mais um estupro, como tantos que se cometem. Atende os interesses dos grandes conglomerados de comunicação e sua linha nepotista de comando.
Como não há "esteio ético-moral" ou "lógica" em tal defesa. Corporativismo? Sim! No sentido de corpo, classe, categoria.
Vamos dizer não aos "repórteres famosos por um dia", às bundas que balbuciam asneiras pelos microfones das grandes redes televisivas e dos programetes de domingo ou aos especialistas em porra nenhuma que roubam, tungam, furtam o mercado de trabalho do profissional que se dedicou anos a fio, não apenas para escrever e sim saber como escrever, como formar opinião.
Vamos dizer não aos filhos dos donos dos veículos de comunicação que se eternizam à frente de seus parlatórios de opinião duvidosa.
Liberdade de expressão? Oh, céus! Todos têm. E devem ter. Mas o seu "primado básico de democracia" cai por terra ao achincalhar uma carreira profissional em nome de uma pseuda-liberdade que não sabemos, ao certo, a serviço de que interesses estará.
Sylvio Micelli
Jornalista Diplomado Sim!
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