Sylvio Miceli
A história do rock se mistura com as mudanças de hábitos e costumes, que se iniciaram após o término da 2ª Guerra Mundial. Sua data de nascimento é 1954, quando um caminhoneiro resolveu gravar um compacto para presentear a mãe. Era Elvis Presley que na Sun Records foi convidado a iniciar uma carreira de sucessos, filmes e milhões de dólares, devido ao fato de ser um “branco de voz negra”. Paralelamente, Bill Halley com seu “Rock around the clock” deu o tom àquele que seria o ritmo mais difundido em todo o planeta.
O termo “rock ‘n roll” foi batizado pelo radialista Alan Freed, principal responsável pela carreira de Chuck Berry lá pelos idos de 1957. Até o final da década de 50, ainda surgiriam Jerry Lee Lewis, Little Richard, Buddy Holly, entre outros. Segundo Kid Vinil, um dos principais responsáveis pela explosão do rock nacional afirmou que o início do rock, embalou o estouro do mercado consumista norte americano.
A década de 60 trouxe o duelo Beatles / Rolling Stones. Era o bom caráter fabricado dos “rapazes de Liverpool”, contra a sacanagem também pasteurizada dos Stones. Por fora corria a poesia de Jim Morrison à frente do Doors e o porta voz do negativismo, Lou Reed líder e responsável pelo Velvet Underground. Politicamente, os anos 60 marcou diversas mudanças ao redor do mundo. Aqui no Brasil, veio a revolução de 64, enquanto no exterior, principalmente na Europa, os costumes mudaram de vez.
Surgem então os “hippies”, movimento muito bem retratado no filme “Forrest Gump”. Para o rock, 1968 e 69, são anos marcantes, pois aconteceram os primeiros festivais da história. O primeiro foi em Monterrey e o segundo, o mais famoso deles, em Woodstock, cuja importância foi política e a influência musical, vasta. Jimi Hendrix, Janis Joplin, Who, Joe Cocker, Jefferson Airplaine enfim, “os três dias de paz amor”, realmente ocorreram. Em 1969 surgiram duas bandas que lançaram as bases daquilo que seria o punk, alguns anos mais tarde: Stooges e MC5. Iggy Pop, líder dos Stooges, era completamente louco. Usava drogas o dia inteiro e se cortava no palco. Ao lado do Velvet Underground, eles eram os grandes malditos do rock. Há inclusive a afirmação que ambos, Velvet e Iggy tinham pouco público, talvez uns 20 caras na platéia, mas cada um deles saía dos shows e montava sua banda.
Os anos 70 começam com novas influências. A partir daí, o rock passa a ter novas identidades como o progressivo, o “heavy-metal”, e por fim, o “punk-rock”. Led Zeppelin, Pink Floyd, Yes, Deep Purple, Kraftwerk, Sex Pistols, Ramones são os principais expoentes dessa década. Os Beatles não mais existiam e o psicodelismo por eles adotado, pulverizou-se de outras formas e em outras concepções. Os Rolling Stones se mantiveram naquele estilo de qualidade própria, que eles adotam até os dias de hoje. A mídia ainda influencia o contexto do rock ‘n roll até o surgimento do punk. A postura punk era o “do it yourself”(faça você mesmo) e ia de encontro ao sistema. Quando os Pistols surgiram, lá pelos idos de 1976, a Inglaterra foi sacudida, afinal fleugmático como sempre, o povo inglês não entendia a filosofia punk. Como disse Kid Vinil, “o punk era energia, era politicamente incorreto” e mudou-se novamente a trajetória do rock.
Enquanto isso, a manifestação roqueira do Brasil, resumia-se aos Mutantes de Rita Lee e ao psicodelismo descarado e cômico de Raul Seixas e Paulo Coelho, hoje “best seller”.
Ainda na década de 70 surgiu uma banda que tentava do seu modo, ser diferente de tudo, e conseguiram. Os Cramps usavam e usam um visual completamente diferente e o som não é muito fácil de entender, especialmente para que não entende que o rock é muito mais posturas, jeitos e costumes, do que um ritmo como outro qualquer.
Novas influências e novas formas de comportamento roqueiro se sobressaíram na década de 80. O punk perde um pouco sua força e a “new wave” de grupos como B-52’s, Human Leagle, Devo e Pretenders, começam a dominar o cenário. O rock tupiniquim explode. Camisa de Vênus, Blitz, Lobão, Ultraje à Rigor, Ira, Legião Urbana, Titãs, Paralamas do Sucesso transformam-se em mega-bandas da noite para o dia. Dessa efervescência toda, surge nosso primeiro festival, o Rock in Rio, em 1985, que se não foi uma experiência fenomenal, pois misturou coisas completamente diferentes como Elba Ramalho, Go-Go’s, AC/DC, ao menos colocou o Brasil na rota dos shows. Assim surgiram outros festivais como o Hollywood Rock, o Philips Monsters e houve até uma segunda edição do Rock in Rio em 1991.
Na Europa, o rock passou a ter poesia com os Smiths e Echo & the Bunnymen, bandas que não duraram mais que cinco anos, mas o suficiente para influenciar e mudar novamente a rota do rock. Com batidas secas, nasce a “eletro-body-music” com grupos como o Front 242, Swamp Terrorists e Nitzer Ebb. Enéas Neto, proprietário de um selo destinado a esse tipo de som, foi o maior responsável por trazer ao Brasil, essa nova conduta roqueira. O VJ da MTV, Fábio Massari é outro que sempre buscou as inovações, trazendo uma cultura diferente ao povo do Brasil. Seu programa é um dos líderes de audiência da TV.
Hoje o rock é segmentado. Não existem mais Beatles, Led Zeppelin, Black Sabbath, Iron Maiden, Smiths e as bandas remanescentes dão sinais de cansaço. Os Stones existem até hoje, muito mais pelo lado histórico, do que o musical. Os anos 90 não trouxeram nada de novo. Houve a massificada tentativa da mídia de fazer do Nirvana e de todo o movimento grunge de Seattle, como uma nova forma de se fazer rock’n roll. Houve também as “guitar-bands” inglesas, como Stone Roses, James, Suede e mais recentemente, o Oasis. Infelizmente, tudo cheira a cópia. Porém, rock é rock e assunto encerrado.
Texto originalmente escrito em 05/08/1996. Não foi alterado para publicação neste Blog
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