domingo, outubro 19, 2008

Sylvio Micelli é entrevistado por aluna da Universidade Católica de Brasília

A entrevista foi concedida para a realização de um trabalho para a disciplina Técnicas de Produção Jornalística. A aluna Elitânia Rocha está no 2° semestre de Jornalismo na Universidade Católica de Brasília (UCB). A indicação foi feita pelo professor Luiz Carlos Iasbeck.

Confira a entrevista:


Elitânia Rocha: Qual a sua Formação Superior?

Sylvio Micelli: Sou formado em Jornalismo pela FIAM em 1996. Fiz locução pela Radioficina em 1997. Em 1999 fiz Licenciatura em Comunicação pela Fatec. Em 2004 fiz pós lato-sensu em Política e Legislativo pela Unesp. Neste ano de 2008 iniciei graduação em Economia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Tudo isso em São Paulo/SP.

E.R.: Em que áreas do jornalismo você já trabalhou?


S.M.: Funcionalismo Público, Política, Mídia local (jornais de bairro).


E.R.: Em que área e onde você trabalha hoje?


Funcionalismo Público e Política.

E.R.: O que levou você a escolher a profissão de jornalista?

S.M.: Amor... Não tenho como explicar. Queria ser jornalista com 4, 5 anos de idade.

E.R.: Como a sua família e amigos encararam a sua decisão por esta profissão?


S.M.: Minha mãe é da área médica. Não viu com bons olhos, mas apoiou. Amigos sempre apoiaram.


E.R.: Em algum momento da sua profissão você já pensou em desistir de ser jornalista e partir para outra profissão? Se sim, qual foi esse momento?

S.M.: Às vezes, sim. Esse caso do diploma, por exemplo, a mim entristece. A falta de união também irrita. Mas o amor pelo jornalismo é maior.


E.R.: Para você, qual o papel do jornalista na sociedade?


S.M.: Ele deveria ser o grande formador de opinião, mas nem sempre logra êxito, por diversos fatores. Primeiro, porque ele não é, geralmente, o dono do veículo. Segundo porque alguns se esquecem de ouvir os dois lados da história, o que resulta num dirigismo ruim para a profissão.


E.R.: Embora o jornalista algumas vezes seja visto como um fofoqueiro ou uma pessoa que distorce o que os outros falam, como você encara as pessoas que pensam dessa maneira?

S.M.: Têm razão, em parte. E a responsabilidade é apenas do mau jornalista.


E.R.: Há quem diga que a profissão de jornalista está sendo desvalorizada porque hoje qualquer pessoa poder cobrir alguma notícia e tê-la em primeira mão, publicar na Internet ou vender para um veículo de comunicação mais conceituado. Você acha que por esse motivo a profissão de jornalista pode se extinguir?


S.M.: A questão primordial não é a velocidade da Internet. É o desrespeito ao diploma, à formação específica do jornalista. Mesmo que qualquer pessoa possa ter uma informação, quando ela vender, alguém editará (o jornalista). Acho que a profissão não se extingue. Mas terá que se adaptar a muitas coisas. A existência dos blogs é uma face disso.

E.R.: Um dos meios de comunicação mais abrangentes que temos hoje é o jornal impresso, mas pesquisas dizem que futuramente ele deixará de existir, tanto por causa do crescimento da preferência pelo jornal web. Na sua opinião o jornal impresso deixará de existir?


S.M.: Acredito que não. A morte dos veículos de comunicação já foi decretada várias vezes. Assim foi com o rádio, quando surgiu a TV. Hoje é a TV e o jornal impresso que sofrem com a Internet. Adaptações vão ocorrer, mas não creio na extinção do jornal impresso. Mesmo que amanhã, a humanidade tenha acesso à Internet, publicações vão acontecer, talvez mais segmentadas, mas certamente ocorrerão.

Sobre o jornalismo e o jornalista devo dizer que:


1. É uma profissão maravilhosa. Vejo o jornalista como o historiador do dia-a-dia da humanidade;


2. Os jornalistas devem ser menos esnobes e mais unidos. Esse papo de "coleguinha" soa falso;


3. O leitor, independente do veículo, vai exigir mais e mais qualidade. Devemos, pois, estar preparados;

4. Cabe ao jornalista a formação de caráter do país. Muitos ainda não se ligaram nisso;


5. Precisa acabar com o "holofotismo" da mídia. Factóides vendem jornais. Não dão credibilidade.

3 comentários:

Tânia Meneghelli disse...

Legal essa entrevista, ótima pro pessoal que está ingressando agora na profissão refletir bastante.

Principalmente nos últimos tempos, onde a ética me parece ter sido totalmente esquecida pelos colegas. Ainda tô aqui de cabelo em pé depois de ter visto a atuação da mídia no caso do seqüestro em Santo André, por exemplo. Entrevistas ao vivo com o seqüestrador (!!!), numa perigosa interferência no andamento do caso, além de informações desencontradas e desastrosas em nome do "furo", tiraram muito da credibilidade e idoneidade das notícias.

Torço pra que jovens profissionais como a Elitânia resgatem a imparcialidade do jornalismo sério e responsável.

Abração!

Secret disse...

Elitânia Rocha
Olá, eu sou a Elitânia Rocha, que entrevistou o Jornalista Sylvio Micelli. Espero que todos tenham gostado da entrevista e que ela seja uma ajuda para quem quer conhecer um pouco mais sobre a profissão de jornalista e o papel desse profissional na sociedade.
Obrigada pelo comentário da jornalista Tânia Meneghelli (minha chará, pois também gosto de ser chamada de Tânia) e agradeço também ao jornalista Sylvio Micelli pela sua colaboração e compreensão.

Anônimo disse...

Sylvio, leio smepre seu blog, como fiz agora. Adorei sua entrevista com a aluna da faculdade de Brasília.

Sou diretora do jornal MAGAZINE, que circula semanalmente em Divinópolis e em mais 13 cidades próximas.

Vc nem queira saber o tanto que é dificil. Não sou formada em jornalismo, mas tenho tanto ou mais amor a profissão que muitos que estão por aí e, apenas querem ganhar dinheiro. Talvez se fosse formada não daria conta, pois vou além do oficio de jornalismo, pois eu e o meu marido entregamos jornal, vendemos, fazemos café, limpamos, enfim, o que tiver de ser feito para o exemplar ganhar as ruas, fazemos com o maior amor.

Não vou entrar na questão do diploma, pois vc pode imaginar que não concordo com sua opinião por não ser formada. Não é isso, até porque tenho quatro filhos, a segunda filha, Thamis, de 19 anos, cursa jornalismo na Faculdade Pitágoras/Campus Fadom e ela adora.

Só penso que é muito injusto impor a obrigatoriedade, é contra isso que sempre lutamos, não é mesmo? Nada de impossições! Quem achar que deve formar nesta área que curse a faculdade, mas impedir outros da liberdade, impressa na Constituição Federal, aí fica muito ruim.

Mesmo porque tem muita gente formada que chega aqui na nossa redação e não sabe fazer pauta, não escreve direito, desconhece nomes de autoridades, como governador e vice, e morre de preguiça de procurar matéria.

Muitos são egocêntricos e só querem saber de televisão. É isso que estão ensinando nas faculdades? É uma pena. Antigamente quando não havia tantas faculdades de jornalismo, a profissão era mais respeitada e valorizada.

O MAGAZINE completa 10 anos em 2009. Nunca imaginem ir tão longe com tantas dificuldades, principalmente por não me vender ao poder público e levar este impresso sem qualquer ajuda de prefeitura, câmara, ou por não ter, com desculpa da palavra, o "rabo-preso" com ninguém. Infelizmente tenho que afirmar que não existe imprensa imparcial.

Hoje, que sou diretora e também repórter, sei muito bem que nenhum veículo de comunicação, do mundo todo, publica a realidade. Tudo é convencional, de acordo com os interesses do dono do veículo, das dívidas de cada órgão de comunicação, da ganância de cada um. Não é uma faculdade que introduz o bom jornalismo. Se assim fosse, não teriamos tanta imprensa vendida, fazendo o trabalho oposto ao que deve ser.
Bem, espero não incomodar.

Abraço

Cibele Leite
Diretora Jornal MAGAZINE (037) 3213 6794/ (037) 9959 2066
Divinópolis/MG